Iniciamos aqui, nossa jornada para buscar de maneira ativa e contínua, a redução de custos internos para, assim assumir novos patamares de desempenho e melhorar a rentabilidade do negócio.
Como comentei no artigo de divulgação desta jornada na última semana, será trabalhoso e não existe atalho, pois não vamos simplesmente “cortar o café”.

Vamos neste primeiro artigo, entender sobre a Gestão da Produtividade que é, um quesito básico para gestão de custos variáveis.

A gestão da produtividade, da forma em que o método se aplica, além de possibilitar o aproveitamento real de todo e qualquer recurso disponível, irá naturalmente nos apontar, de forma técnica e contínua, onde estão as oportunidades de redução de custos.

Não se engane, todas as empresas ou processos possuem estes ofensores limitadores de maiores resultados, e a oportunidade está no trabalho em diminuir esta intensidade, que varia de empresa para empresa, conforme sua cultura em nível de exigência e maturidade de gestão.

A competência em gerenciar a rotina diária, com base num sistema de gestão eficaz no combate a ineficiências ou ofensores operacionais, é o que diferencia uma empresa das outras, por muitas vezes, com processos e equipamentos semelhantes.

Ou seja, o aumento da produtividade, que se dá pela diminuição dos ofensores, gera redução de custos de forma ativa nestes gastos que são desperdiçados, além de aumentar a produção, diluindo os custos fixos do processo.

A alta performance de uma empresa, está relacionada à sua capacidade de alcançar resultados de forma sustentável, obtidos por uma gestão de melhoria contínua.

ENTÃO, O QUE É PRODUTIVIDADE?

Termo comum utilizado por empresas e gestores, a expressão “produtividade” é associada à produtividade do trabalho, ou seja, o volume de produção que se obtêm.

Na economia, o termo produtividade está relacionado a geração de produtos ou a capacidade dos fatores de produção gerarem produtos.

Como indicador de resultados, a produção e a produtividade podem parecer sinônimos para alguns, mas tem funções diferentes no âmbito empresarial.

Utilizaremos aqui a produtividade, de forma relacionada à capacidade de se produzir mais, utilizando cada vez menos recursos em menor tempo.

Para isso, o cálculo da produtividade, leva em conta não só o trabalho, mas sim todos os fatores que interferem na produção.

Fique atento!

Uma empresa aumentará sua performance de resultado, somente quando aumentar a sua produtividade.

Ela não aumenta sua performance de resultado quando aumenta sua produção.

É preciso entender a que custo ela gerou maior volume de produção.

O aumento da produção de forma ineficiente, agrava suas perdas de processo e piora seus resultados.

 

Nos próximos artigos, iremos tratar a relação da produtividade e da produção aos seus resultados econômicos, aprofundando em custos variáveis, taxa-hora e a produtividade real dos custos.

Primeiramente, precisamos entender o que é produtividade, como calcular e como utilizá-la, no primeiro passo para a busca da melhoria contínua.

CÁLCULO DA PRODUTIVIDADE

O cálculo da produtividade, assim como as ferramentas desenvolvidas para este cálculo, apoia-se no conceito de avaliação métrica do OEE (Overall Equipment Effectiveness), adotado como sinônimo de “Produtividade”.

Este gera indicadores que permitem uma alta avaliação do desempenho dos recursos fabris, onde podemos destacar os principais como Utilização, Eficiência e Qualidade.

O cálculo destes indicadores é realizado por meio do que a Ferreira Filho Associados define como CONCEITO FUNIL, apresentado detalhadamente a seguir:

Vamos entender como calcular cada barra, seus ofensores e através dos valores destas barras, conseguimos calcular a produtividade e os indicadores ao qual ela é produto (resultado) por unidade ou recurso:

HORAS TOTAIS:  soma total das horas de um dia (24 horas), independente da disponibilidade de turnos ou recursos da empresa.

PARADAS PROGRAMADAS: soma das horas de turnos não presentes ou interrupções planejadas antecipadamente, de forma que o recurso não estará disponível para programar atividades produtivas (ex.: Intervalos, laboral, manutenções preventivas e setup padrão).

HORAS DISPONÍVEIS (presentes): resultado da diferença entre horas totais, subtraindo as horas programadas que foram calculadas.

HORAS PROGRAMADAS*: total da produção de peças ou serviços que foram programadas, para a unidade recurso, convertidos em horas (hora padrão ou estimada), ou seja, o tempo real que se programou para produzir os volumes/serviços previstos.

OCIOSIDADE COMERCIAL: horas sem programação, que é o resultado da diferença entre horas disponíveis e horas programadas.

PARADAS NÃO PROGRAMADAS: soma em horas das “quebras” da atividade, ou cada interrupção apontada (maior que 5 min.), que houve no processo, sem possibilidade de previsão antecipada. (ex.: quebra de equipamento, aguardando por falta de materiais, pessoas, energia e regulagens não previstas).

HORAS TRABALHADAS: resultado da diferença entre as horas programadas subtraindo as paradas não programadas, ou seja, horas de “mão na massa” na atividade fim, que gera receita.

HORAS PRODUTIVAS: total do volume de peças ou atividades produzidas, multiplicado pelo seu devido tempo padrão por unidade (aferido por cronoanálise ou estimado, sem perdas), ou dividido, se o tempo padrão for de peças/atividades por hora.

VARIAÇÃO DE RITMO: diferença entre o tempo total de horas trabalhadas, subtraindo o total das horas produtivas. É o tempo de fadiga ou micro interrupções (menor que 5 min.) não apontadas no processo, causando variação no ritmo padrão em que foi estimado. (ex.: falta de treinamento ou prática de pessoas, regulagens de equipamentos e fadiga).

PERDAS DE QUALIDADE: total de peças ou atividades que foram reprovadas por qualidade, multiplicado pelo seu devido tempo padrão por unidade (aferido por cronoanálise ou estimado sem perdas), ou dividido, se o tempo padrão for de peças/atividades por hora.

HORAS PRODUTIVAS COM QUALIDADE: resultado da diferença entre o total de horas produtivas, subtraindo as horas de perdas de qualidade.

INDICADORES DE PRODUTIVIDADE

Finalizada esta primeira etapa para encontrar o valor das barras, recomendamos primeiramente estudar, testar manualmente e depois integrar tecnologias com apoio da equipe de sistemas ou planilhas, para essa captura de dados.

Aqui, já podemos encontrar as maiores representatividades de ofensores que mais se destacam negativamente no seu processo.

Mas o que queremos com estes valores, é calcular índices para gestão diária destes ofensores.

A célebre frase de William E. Deming, Engenheiro, Estatístico, Consultor e Professor Americano não existe por acaso:

 “Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende e não há sucesso no que não se gerencia

Agora, definiremos os indicadores que direcionarão suas oportunidades e finalmente encontraremos, o número de sua produtividade.

 

UTILIZAÇÃO: percentual que representa o quanto sua atividade é executada sem interrupções. É um primeiro sinal de desperdício em sua operação.

Cálculo: Total de horas trabalhadas (Barra D), divididas pelas horas programadas (Barra C).

Como atuar: os problemas estão nas interrupções da atividade. Aqui é importante ter listagens ordenadas por maiores ofensores de paradas por processo, e você, junto a sua equipe pode tomar ações imediatas e de médio prazo para diminuí-las, começando pelas três maiores.

 

EFICIÊNCIA: percentual que representa sua eficiência enquanto está realmente executando, ou seja, o quanto você realiza sua atividade dentro de um padrão aceitável, que foi medido ou estimado.

Cálculo: Total de horas produzidas (Barra E), divididas pelas horas trabalhadas (Barra D).

Como atuar: o problema está no ritmo de trabalho. Para equipamentos, confira regulagens ou peças que interferem no melhor ritmo da máquina, regulagens ou tempo de vida do equipamento e para todas demais atividades, incluindo com equipamentos, veja como estão as habilidades, treinamentos, condições de trabalho, ferramentas adequadas, e engajamento dessas pessoas.

QUALIDADE: normalmente utilizado para processos de manufatura, é o percentual que representa a qualidade e assertividade de seu processo produtivo, sua diferença é o quanto você está desperdiçando de tempo (além dos materiais) em suas atividades.

Cálculo: Total de horas produzidas com qualidade (Barra F), divididas pelas horas totais produzidas (Barra E).

Como atuar: identifique os motivos de perdas de qualidade, registrando cada peça que foi retirada como não qualificada e atue nos maiores motivos com seus respectivos responsáveis (ex.: engenharia, manutenção, ferramentas, materiais e treinamentos).

 

PRODUTIVIDADE (ou OEE): é o percentual de produtividade total do seu processo, ou seja, o quanto você realmente está extraindo dele, ou ainda, o quanto ele está entregando.

Cálculo: Total de horas produzidas com qualidade (Barra F), divididas pelo total de horas programadas (Barra C). Ou simplesmente multiplique o percentual de Utilização pela Eficiência e depois pela Qualidade, pois ela é produto destes três indicadores.

Como atuar: primeiro calcule-o e registre como base, que será o seu ponto A, de onde está saindo antes de começar a atuar. Depois, identifique se o seu maior problema está em utilização ou eficiência, conforme os resultados calculados anteriormente e atue diretamente na abertura destes ofensores, conforme exemplificamos em cada um deles.

Exemplificamos aqui os cálculos para um dia.

Entendido o cálculo, extrapole para períodos maiores, sempre considerando todos os totais por cada barra apresentada.

Assim, você terá o percentual da produtividade do dia, da semana e do mês, para atuar gerencialmente nos índices ofensores e comparar sua evolução total no percentual de produtividade.

Utilize todos os métodos de gestão que possui conhecimento (como exemplo o PDCA).

Solicite e direcione ações com sua equipe, registre-as num plano de maneira organizada, apresente em um quadro “gestão à vista” e faça reuniões de performance com a equipe para cobrança de resultados.

Calcular é apurar os números que já aconteceram e como vimos, encontrar os ofensores classificando os que mais limitam sua melhoria de performance.

Melhoria contínua, consiste numa rotina diária para combater estes ofensores e medir para acompanhar sua evolução.

BENEFÍCIOS COM GESTÃO DA PRODUTIVIDADE

Estas recomendações ou exemplos de como atuar é apenas um direcionamento inicial de um universo de possibilidades, conforme o seu perfil de negócio, que você e sua equipe poderá encontrar com o cultivo através do exercício periódico desta gestão.

Estes cálculos, a princípio podem parecer complexos, mas com a prática você e sua equipe desenvolverão tamanha habilidade, conseguindo encontrar problemas “no cheiro”, como dizem os nossos consultores da FFA.

Trabalhe sua equipe traçando metas, com percentuais a serem alcançados e após uma certa maturidade, compare com os primeiros números que encontrou para que entenda como estão sendo diluídos seus custos e despesas.

Se você estava atento, observou que na barra “HORAS PROGRAMADAS”, quando a citamos, destacamos um asterisco (*), vamos explicar para não ficarmos devendo.

Quando programamos a produção de peças ou atividades de serviços, é importante considerar qual é o percentual de produtividade a ser aplicada, vamos entender mais.

Como recomendamos, o tempo padrão por unidade deve ser cronometrado ou estimado, livre de interrupções, nas melhores condições, realizadas por uma pessoa bem treinada e será o melhor tempo (recorde) a ser alcançado.

Não é o tempo médio, é a meta. Quando vamos programar um período de 8 horas por exemplo, se lotarmos com o tempo padrão, temos certeza que não serão atendidas, pois sofrerão interferências.

Utilizamos a produtividade então, aplicando o seu percentual no total de unidades programadas, com o objetivo de lotar a hora disponível de forma realizável, “embutindo” nela um percentual de perdas aceitáveis.

Assim, você terá uma assertividade maior no seu volume de horas programadas.

Agora é com você, caso já tenha um controle de produção implantado, faça uma revisão e verifique se ele te direciona à uma melhoria contínua para buscar novos resultados. Caso não tenha ainda, reúna sua equipe e mãos (e mentes) à obra.

Entendido então, como já dissemos, nos próximos artigos iremos tratar a relação da produtividade e da produção, aos seus resultados econômicos, aprofundando em como são diluídos os seus custos e despesas variáveis, nos respectivos centros de custos, taxa-hora e a produtividade real dos custos.

Grande abraço!

Sobre o Autor:Victor Vitorette
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Victor Vitorette é Diretor das Operações com mais de 20 anos de carreira nas áreas de Gestão de Custos, Produção Industrial e junto à Ferreira Filho Associados, geraram mais de R$ 1,35 Bilhão em resultados nos clientes, através da aplicação de metodologias voltadas a Redução de Custos e Despesas e Aumento de Faturamento.
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