Crescimento Empresarial: 1 Erro Fatal e 2 Formas de Evitá-lo

Comumente empresas que estão decidindo se vão crescer ou não, são afetadas por um erro que pode ser fatal para os negócios e inclusive decretar a sua quebra: o Crescimento sem Planejamento.

Claro que, “menos pior” do que ser conduzido pelo mercado, é a empresa escolher para onde quer ir, porém quando se trata de decidir o crescimento de uma empresa, devemos prestar atenção “em quais cestas estamos colocando os ovos”.

Esse erro pode afetar qualquer empresa em qualquer segmento, desde Indústria, Serviços, Comércio e inclusive Startups.

E quais são as formas de evitá-lo?

Medindo o Custo Marginal e o Custo de Oportunidade.

Antes de explorar os motivos da criticidade desses dois itens, vamos entender de forma rápida e prática o que eles são:

  1. O Custo Marginal é o custo que sua empresa tem, toda vez que chega no limite de capacidade e tem que produzir uma unidade a mais, seja de um produto, execução de um projeto, contratação de pessoas, aumento da compra, do estoque ou área logística;
  2. Já o Custo de Oportunidade é a relação entre uma oportunidade “A” em comparação a eu não executar essa oportunidade ou mesmo utilizar o recurso financeiro em uma oportunidade “B”. Não confunda com ROI (Retorno do Investimento).

Mas vamos entender melhor por que esses erros podem ser fatais para os negócios em um exemplo?

Imaginemos que, eu possuo uma fábrica, com duas máquinas, de canecas premium de argila importada, tenho a capacidade de duas mil canecas mensais, ou seja, cada máquina produz mil canecas.

Cada caneca é vendida hoje por R$ 120 e possui uma margem de 30%, ou seja, R$ 36 (eu sei, um baita negócio).

Se, eu receber um pedido adicional de 10 canecas a mais por mês, necessariamente vou ter que abrir um turno de trabalho a mais, ou comprar uma máquina nova.

Nesse exemplo, vamos imaginar, que eu necessite comprar uma máquina nova e ela custe R$ 180.000 (fora a mão-deobra) em um financiamento de 36 parcelas de R$ 5.500, ou seja, R$ 500 de juros pagos mensalmente.

Situação de Hoje:

  • 2 Máquinas · 1.000 Canecas
  • Máquina de capacidade
  • Venda de 2.000 Canecas / Mês
  • Receita de R$ 240.000
  • Lucro Líquido de R$ 72.000

Situação de Oportunidade:

  • Pedido (Oportunidade) de 10 Canecas a mais por mês
  • Máquina Custa R$ 180.000
  • Parcelamento da Máquina (juros mensais) de R$ 500
  • Receita Adicional de R$ 120 x 10 canecas = R$ 1.200
  • Lucro Líquido Adicional R$ 36 x 10 canecas = R$ 360

Se analisarmos o Custo da Oportunidade dessa transação, temos um desencaixe do fluxo de caixa na ordem de R$ 5.500 para a parcela da máquina, sendo R$ 5.000 do capital e R$ 500 em juros para a geração de lucro de R$ 360.

Estamos “crescendo”, mas lhe parece um bom negócio? Ele verdadeiramente faz sentido?

Agora, analisando o Custo Marginal, se optarmos em não entender o mercado como um todo e definirmos que devemos comprar a máquina, quais os impactos iniciais reais?

  1. Ociosidade do Parque Instalado (10 canecas produzidas para uma capacidade de 1.000);
  2. Pressão sobre a Área Comercial para alavancar a Ocupação da Máquina adquirida (isso na melhor das hipóteses, pois grande parte das empresas não o fazem);
  3. Consequente aumento do Custo Unitário da Caneca, até que eu obtenha a ocupação total do novo equipamento, visto que tenho que diluir a depreciação e demais custos nas canecas que são produzidas;
  4. Queda da Competitividade.
Mas Cícero, para esse volume “qualquer um” negaria.

Não é isso que vemos diariamente nas empresas e mais do que isso, o ponto é que, independentemente de o “volume” ser alto ou baixo, esse cálculo deve ser efetuado, para sabermos se o Custo da Oportunidade e o Custo Marginal valem a pena ou não, evitando erros grosseiros de estratégia e gestão.

Claro que você pode afirmar que a abertura da nova capacidade pode gerar mais receita e consequentemente lucro futuro, porém isso só ocorrerá se o processo for feito entendendo se existe ou não mercado disponível, muito além das 10 canecas adicionais, para consumo dos nossos produtos, pelo menos gerando “breakeven” de investimento.

E não se engane. Isso serve para Serviços e para Comércio, é só você entender uma nova contratação de pessoal para Prestação do Serviço ou o seu estoque ou nível de compra para o Comércio.

Então Cícero, o que você está me dizendo é, não cresça!?

De forma alguma.

O que estou tentando colocar é que devemos sempre usar a racionalidade quanto aos investimentos realizados, sem superestimar a nossa capacidade comercial, analisar com cuidado e carinho, entendendo se vamos criar um novo mercado ou vamos ser mais competitivos em custo / atratividade e abocanhar Market Share (fatia de mercado), antes de sair executando investimentos sem justificativas plausíveis para tal.

Espero ter contribuído para seu entendimento sobre como crescer e te desejo muito sucesso nos seus investimentos.

Grande abraço e muito sucesso!

Sobre o Autor:Victor Vitorette
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Victor Vitorette é Diretor das Operações com mais de 20 anos de carreira nas áreas de Gestão de Custos, Produção Industrial e junto à Ferreira Filho Associados, geraram mais de R$ 1,35 Bilhão em resultados nos clientes, através da aplicação de metodologias voltadas a Redução de Custos e Despesas e Aumento de Faturamento.
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